Integrantes do Palácio do Planalto têm afirmado que Lula já escolheu seu sucessor após pendurar as chuteiras. E ele não é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nem a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Na semana passada, Haddad, em entrevista ao jornal O Globo, reafirmou que o PT precisa pensar em nome que possa comandar o partido após as eleições de 2026. Lula vai disputar ainda um quarto mandato. O problema estará em 2030.
“O fato é que a questão vai se colocar. E penso que deveria haver uma certa preocupação com isso”, afirmou Haddad ao O Globo.
Ao longo do ano passado, Haddad e Gleisi trocaram farpas em relação à política fiscal petista. Por trás das críticas de caráter teórico, há uma rixa interna para saber quem terá condições de herdar o espólio político do atual presidente da República.
As comemorações de um ano sobre os atos de 8 de janeiro, porém, revelaram outro personagem nessa disputa: a primeira-dama Janja Lula da Silva.
Não é segredo para absolutamente ninguém que Janja tem lá suas pretensões políticas. Ela mesmo já deixou claro que pretende ressignificar o papel da primeira-dama. E Lula gosta disso.
Ao deixar claro em entrevistas que Janja teve papel determinante no 8 de janeiro, ao supostamente dissuadi-lo a não decretar uma GLO – instrumento que automaticamente colocaria o Exército no comando da crise -, Lula, simbolicamente, iniciou a sua passagem de bastão para a primeira-dama. Obviamente que esse rito ainda terá outras etapas, mas essa foi uma demonstração inequívoca de que Lula achou uma solução doméstica para a sua sucessão.
Em política, seis anos são uma eternidade. Mas a exposição cada vez maior da primeira-dama e a participação dela cada vez mais intensa em ações do Executivo indicam que Lula não conta com Haddad ou Gleisi para comandar o futuro do petismo.