O ex-tabelião interino de Ponta Porã, Joney Benedito Juvenal de Almeida, chegou a ser ouvido pela Polícia Civil e até orientou, ao ser questionado pelo IEPTB/MS (Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil) sobre a falta de pagamentos da serventia aos credores, auditoria interna no próprio cartório que chefiava.
Joney desviou R$ 474,9 mil do 3º Tabelionato de Notas e Protesto de Títulos de Ponta Porã entre março de 2019 e outubro de 2020. No caso de 2019, ele acabou se regularizando com as contas para não ter o cartório bloqueado, mas em 2020, ao ser questionado sobre novos atrasos nos repasses, sugeriu a auditoria e disse ainda que não teve tempo de fazer a conferência de contas. Dias depois, em outubro de 2020, ele foi afastado do cargo.
Já em dezembro de 2021, ao ser localizado em Várzea Grande (MT), ele compareceu à sede da Polinter em Cuiabá (MT) a pedido da 1ª Delegacia de Ponta Porã, onde foi inquirido, mas pediu acesso aos autos e às acusações contra ele para então poder constituir um advogado e usou o direito de ficar em silêncio.
Depois disso, ele nunca mais foi encontrado e até mesmo o bloqueio de suas contas ou bens até o valor de R$ 474,9 mil não pôde ser feito, porque não foram identificados bens em seu nome ou contas bancárias. A polícia ainda conseguiu identificar que ele atua como advogado em Mato Grosso, mas em seu endereço ou por contato telefônico, ele nunca é encontrado.
Os fatos foram identificados pelo IEPTB/MS (Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil, Seção do Estado do Mato Grosso do Sul) e levados à Corregedoria do Tribunal de Justiça. Na época, R$ 474,9 mil haviam sido recebidos no cartório, mas não repassados aos apresentantes dos títulos. Ele foi afastado das suas funções, mas desapareceu.
Somente para credores de protestos, ele deixou de repassar R$ 314,1 mil; ainda recebeu remunerações a mais, além de férias e 13º salário; desviou R$ 60 mil referentes a verbas rescisórias; e atrasou o pagamento de multas e juros de recolhimentos realizados. Com tudo isso, o desvio chega a R$ 474,9 mil.