A Arquidiocese de São Paulo está prestes a enfrentar uma grave denúncia envolvendo o Padre Júlio Lancellotti. Quatro vídeos, nos quais o religioso aparece se masturbando para um menor de idade, estão prestes a ser entregues à arquidiocese, e a veracidade das cenas foi confirmada por uma perícia técnica audiovisual recente. A revista Oeste teve acesso exclusivo a este documento.
Os peritos Reginaldo Tirotti e Jacqueline Tirotti conduziram uma análise minuciosa ao longo de 79 páginas, verificando o estado de conservação dos arquivos, examinando cada frame dos vídeos, realizando exames prosopográficos para identificação de características faciais e do ambiente, além de inspecionar os áudios e confirmar sua integridade.
Os vídeos em posse de Oeste foram gravados por um adolescente de 16 anos, na época das conversas com Lancellotti. As imagens mostram uma tela de celular com trocas de mensagens no WhatsApp, seguidas por uma videochamada em que a câmera oscila entre partes íntimas e o rosto do padre. Essas imagens circularam nas redes sociais em 2020, e na época, o perito Onias Tavares de Aguiar já havia confirmado a autenticidade do vídeo. No entanto, o Ministério Público arquivou a investigação alegando “falta de materialidade”.
As perícias realizadas pelos Tirotti chegaram à conclusão de que Júlio Lancellotti é o homem que aparece nas imagens, após compararem elementos como contorno facial, altura da calvície, inclinação do nariz, acessórios e mobílias com imagens do padre em outras situações, como entrevistas a emissoras de televisão.
Denúncia e CPI das ONGs
A denúncia contra o Padre Júlio Lancellotti surge poucos dias após o cardeal Dom Odilo Scherer encaminhar um ofício ao presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), solicitando o envio das “denúncias de extrema gravidade” que o vereador Rubinho Nunes (União) recebeu contra Lancellotti.
Os vídeos, ao serem apresentados à arquidiocese, serão exibidos a portas fechadas para integrantes do colégio de líderes da Câmara Municipal em seu próximo encontro em 23 de janeiro. O material que sustenta a denúncia foi resgatado por parlamentares que buscam instaurar a CPI das ONGs, que visa investigar grupos que atuam no centro de São Paulo, especialmente na região da cracolândia.
O vereador Rubinho Nunes acusa as ONGs de formarem uma espécie de “máfia da miséria” para explorar os dependentes químicos, recebendo dinheiro público para práticas conhecidas como “política de redução de danos”. A CPI, proposta no final do ano passado com 25 assinaturas, pretende investigar com rigor o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e a Craco Resiste.
Em resposta, o padre Júlio Lancellotti, ex-conselheiro do Bompar, afirmou em dezembro que não possui poder de influência sobre essas entidades e não tem projetos conjuntos com elas.