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Governo Milei pretende barrar aumento de salários de deputados e senadores na Argentina

O governo presidente Javier Milei, da Argentina, manifestou sua indignação com o aumento de 30% nos salários dos congressistas nacionais. A remuneração passaria a ser de quase 2 milhões de pesos por mês (R$ 11,6 mil).

Antes, o salário era de cerca de 1,5 milhão de pesos (R$ 5,8 mil). O reajuste foi autorizado pelas autoridades do Congresso nesta quarta-feira, 6, de acordo com a Gazeta do Povo.

A medida foi aprovada pelos presidentes das duas Casas Legislativas. Pegou o governo de surpresa. Nesta quinta-feira, 7, o deputado Carlos González D’Alessandro, membro da coalizão de Milei, A Liberdade Avança, anunciou que vai apresentar um projeto para anular o aumento e congelar os vencimentos dos parlamentares.

“Chega de aumentos para os políticos”, afirmou D’Alessandro, de acordo com o jornal Clarín. “O ideal seria que devolvêssemos esse dinheiro, eu não tenho problemas com isso, que o [Martín] Menem[presidente da Câmara] me diga como devo devolver, e eu devolveria o aumento amanhã e pediria aos meus colegas, aos 38 deputados do A Liberdade Avança, que façamos o mesmo.”

O aumento foi implementado por meio da conhecida Lei de Enganche. Desde 2011, ela estabelece uma vinculação entre o reajuste dos salários do pessoal do Congresso e o de deputados e senadores, diz o Clarín.

Os parlamentares e os trabalhadores do Congresso, por essa norma, também já haviam recebido em janeiro e fevereiro um incremento acumulado de 28%, equivalente ao acordado com o sindicato dos trabalhadores legislativos.

Contraste com a grave situação econômica da Argentina

Alguns deputados defenderam o aumento, com a alegação de que havia um “atraso salarial no Poder Legislativo” e que o reajuste era inferior à inflação. Outros parlamentares, porém, inclusive de esquerda, rejeitaram e propuseram devolver o dinheiro ou destiná-lo a fins sociais.

O reajuste para congressistas, diz a Gazeta, contrasta com a situação econômica e social do país, que enfrenta uma grave crise, agravada pelo governo peronista de Alberto Fernández (2019-2023). Dados oficiais informam que a pobreza atinge neste momento mais de 40% da população.

Em sua conta no Twitter/X, Milei compartilhou uma publicação em que citava sua irritação com a medida.

“O presidente Javier Milei está muito irritado com o aumento de 30% dos [salários dos] senadores e deputados”, diz a postagem. “Está sendo buscada uma reversão com um projeto de lei apoiado por [Diego] Santilli [deputado do PRO] e Martín Menem.”