O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta 2ª feira (11.mar.2024) que o governo deve entender seus “limites” de atuação em empresas em que possui participação, como a Vale e a Petrobras. Nesta 2ª feira (11.mar.2024), o chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discute com o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, a decisão sobre a distribuição de dividendos extraordinários.
“Se a União é parte interessada como acionista, em tese é legítimo ao governo se posicionar, mas deve compreender seus limites de atuação considerando a governança das empresas e a independência delas. Não digo que o governo os ultrapassou porque não conheço a situação. Digo apenas que eles precisam ser observados”. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo.
Em relação a uma possível reação do Congresso às interferências do Executivo, Pacheco afirmou que não há necessidade. “É uma questão mais de limites éticos do que de carência legislativa. Não conheço as situações concretas e não me cabe opinar. Isso toca às empresas e seus acionistas e conselheiros”.
No encontro dessa 2ª (11.mar), Lula e Prates definem se a Petrobras irá voltar atrás na sua decisão de não distribuir dividendos extraordinários –pagamento extra que as empresas fazem aos seus investidores– relativos ao lucro de 2023. O anúncio da última 5ª (7.mar) provocou uma reação negativa no mercado, resultando em uma queda de mais de 10% das ações da maior empresa brasileira.
Segundo apurou o Poder360, há possibilidade da decisão ser revista pelo Conselho de Administração, majoritariamente governista, alterando assim a proposta a ser encaminhada para aprovação na AGO (Assembleia Geral Ordinária) da Petrobras, que ocorrerá em 25 de abril.
LULA E EMPRESAS
Em entrevista ao SBT, Lula disse nesta 2ª feira (11.mar.2024) que a Petrobras não deve pensar apenas nos acionistas. Em outras oportunidades ao longo de 2023, o petista já havia ressaltado que a empresa precisa se ater à sua função social.
“O que eu acho é que a Petrobras, que é uma empresa que o governo tem ascendência sobre ela, é importante ter em conta o seguinte: a Petrobras não é apenas uma empresa de pensar nos acionistas que investem nela. A Petrobras tem que pensar no investimento e pensar em 200 milhões de brasileiros que são donos dessa empresa, ou são sócios dessa empresa”, afirmou.
Ele também fez comentários sobre a Vale, onde o governo tenta interferir para escolher o próximo CEO. “A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”, afirmou.
Lula tenta emplacar um nome mais próximo ao Planalto como CEO da Vale. O governo pressionou para que o escolhido fosse o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, mas recuou depois da reação negativa dos acionistas e do mercado.
Na 6ª (9.mar), o Conselho de Administração da Vale decidiu prorrogar por 7 meses o mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, o que dará tempo para que Lula busque um nome para comandar a mineradora.