No primeiro levantamento sobre a safra de grãos de 2024, a Companhia Nacional de Abastecimentos (Conab) estimou um novo recorde de produção. Porém, com o passar do tempo, o otimismo deu lugar à preocupação. De lá para cá, os números caíram ininterruptamente em todas as publicações mensais — e a previsão mais recente mostra a queda brusca da colheita.
A primeira previsão, divulgada em outubro de 2023, previu a colheita de 317,5 milhões de toneladas de grãos. No sexto levantamento sobre a safra de grãos de 2024, publicado terça-feira 12, a projeção de produção caiu para 295,6 milhões de toneladas. Assim, agora o mais provável é a redução de 7,6%.
Caso os números se confirmem, serão 24 milhões de toneladas a menos. É como se 86% de toda a colheita de Mato Grosso do Sul no ano anterior sumisse. Trata-se do quinto maior produtor dessas culturas no Brasil.
Maiores quedas na safra de grãos de 2024
De acordo com o relatório da Conab, a maior parte da queda está ligada a dois grãos: soja e milho. A redução é de 7,7 milhões de toneladas e 19 milhões de toneladas, respectivamente. Reconhecidos como os carros-chefes do agronegócio brasileiro, são itens de ampla aplicação em diversas cadeias produtivas — o que inclui a indústria.
O milho é matéria-prima, por exemplo, para a geração de etanol. Por volta de 18% de toda a produção desse biocombustível de 2024 virá dessa fonte. A indústria de alimentos também utiliza esse grão na fabricação de massas, cervejas, farinhas, doces, rações animais etc.
A soja, por sua vez, é matéria-prima para a geração de outro biocombustível — o biodiesel. Contudo, sua ampla aplicação se estende por indústrias de farinhas, embutidos, enlatados, doces como chocolates, automobilismo e até mesmo saúde. É também a principal fonte de proteína para a engorda de aves e suínos no Brasil. Ou seja: ela garante a maior parte da oferta de carne para o mercado interno.
Em conjunto, soja e milho respondem por quase 90% da produção de grãos do Brasil.
Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN