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Deltan critica silêncio sobre ações do STF contra Bolsonaro

Em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo neste sábado (16), o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol fez duras críticas ao que chamou de “silêncio eloquente” em torno das recentes ações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Dallagnol argumentou que esse silêncio revela uma seletividade em relação às críticas sobre possíveis excessos da operação Lava Jato.

Segundo Dallagnol, enquanto muitas pessoas criticaram os supostos excessos da Lava Jato, agora permanecem em silêncio diante dos abusos evidentes do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele citou como exemplos prisões sem acusações formalizadas e o impedimento de acesso aos autos pelas defesas dos alvos das investigações.

O ex-procurador também apontou uma “imensa hipocrisia” por parte daqueles que criticaram a Lava Jato, mas não questionaram as reuniões entre ministros do STF e o presidente da República em jantares fechados, onde assuntos políticos eram discutidos, incluindo indicações para cargos-chave em instituições como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Dallagnol enfatizou que nunca foi amigo pessoal do ex-juiz Sergio Moro, responsável pelos casos da Lava Jato em Curitiba, e que a força da operação foi sustentada pela exposição pública dos fatos, das provas e pela transparência.

Em relação às investigações contra Bolsonaro, Dallagnol afirmou não ver semelhança de métodos entre a Lava Jato e as ações do STF. Ele destacou que as decisões da Lava Jato eram submetidas a três instâncias recursais e que a operação nunca manteve pessoas presas por meses sem acusação criminal formalizada.

Dallagnol ressaltou que não conhece a fundo as investigações contra Bolsonaro, mas identificou uma série de ilegalidades. Ele declarou que, até o momento, não foram apresentadas provas de atos de execução por parte de Bolsonaro em relação aos crimes de golpe de Estado ou abolição do Estado democrático de Direito, apenas atos preparatórios.

Por fim, Dallagnol enfatizou a importância de punir atos de execução, mas destacou que atos de cogitação e preparação não são puníveis.