As investigações relacionadas aos supostos desvio de verbas e lavagem de dinheiro cometidos por conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), apontam que Waldir Neves, que é um dos membros afastados do órgão fiscal, teria usado fazendas localizadas no Maranhão para lavar os valores em dinheiro que teria recebido dentro do esquema de desvio de verbas do órgão fiscalizador.
Materiais apreendidos durante as investigações relacionam o conselheiro com compras e vendas de fazendas no Maranhão, que podem ter sido usadas para lavagem de dinheiro, já que há uma diferença muito grande no preço das áreas após 10 anos de realização da compra.
Quando escutado pela polícia, Waldir confirmou que comprou alguns imóveis no Maranhão por R$ 347,6 mil 2.200 hectares, entre os anos de 2009 e 2013. Hoje as terras adquiridas por ele valem cerca de R$ 6,6 milhões, ou seja, R$ 3 mil por hectares, uma valorização chamada de “assombrosa” pelo ministro Francisco Falcão, relator do caso.
“Constata-se, assim, uma assombrosa valorização das terras, o que pode ter sido obtido a partir de vultosos investimentos nas áreas, agregando valor à propriedade rural”, afirma o ministro.
O sigilo fiscal de Waldir foi quebrado até o ano de 2009 para verificar todos os imóveis que foram relacionados na declaração de Imposto de Renda do conselheiro.
No processo, um dos exemplos citados é a Fazenda Santa Lourdes, que custou R$ 25,7 quando foi comprada em 2009. A propriedade tinha 171 hectares, ou seja, cada hectare saiu por 150, 81.
Outra fazenda comprada por um preço e hoje apresenta uma supervalorização é denominada MS, que tem 140 hectares e custou R$ 21 mil, sendo que foi adquirida no mesmo ano.
Já uma terceira fazenda foi vendida por R$ 43.400,00 com 434,5245 hectares. Atualmente, todas as terras se valorizaram e Waldir é dono de 6.362 hectares, sendo que foram avaliadas em R$ 15,6 milhões em 2018.
O processo também expõe o caso das fazendas WN3 e WN4, que foram vendidas por Waldir em junho de 2021 por R$ 2 milhões, sendo que foi comprada por R$ 101,3 mil em 2013.
Além da supervalorização das propriedades do conselheiro, que pode ter acontecido por reformas e outras modificações nas fazendas com as verbas desviadas,, as negociações de vendas ainda envolvem pessoas que também são investigadas na operação e podem ter sido “laranjas” do conselheiro.
OPERAÇÃO NO TCE-MS
Deflagrada no dia 8 de dezembro, a operação Terceirização do Ouro é uma sequência de outra operação começada no ano passado. Nesta fase, a Polícia Faderal investiga um esquema de desvio de verbas no TCE-MS.
Ao que tudo indica, o esquema era orquestrado por Waldir Neves e Ronaldo Chadid junto com seus assessores, tendo a participação de Iran Coelho das Neves, que renunciouà presidência do órgão depois de ser afastado por 180 dias.
Os conselheiros e servidores envolvidos no caso ficarão suspensos de seus cargos pelo mesmo período.
A investigação ainda aponta que a principal forma de lavar dinheiro e direcionar licitações para empresas pré-determinadas era por meio da empresa Dataaesy, que supostamente teria sido contratada, também em licitação fraudulenta, para prestar serviços de informática ao órgão.
Créditos: Correio do Estado