A noite da última quinta-feira (10) foi de conversa direta entre quem representa o poder público e quem sente na pele os desafios de manter portas abertas no Centro de Campo Grande. O vereador Epaminondas Vicente Neto, o Papy, presidente da Câmara Municipal, se reuniu com a diretoria da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) para tratar de uma pauta extensa: poluição visual, estacionamento rotativo, incentivos fiscais, segurança pública e o futuro do comércio diante da Rota Bioceânica.
Com fala firme e sem rodeios, Papy resumiu uma das questões centrais: a legislação atual que restringe a comunicação visual nas fachadas comerciais precisa ser revista. “Essa lei tem que deixar de existir. O Centro precisa ser liberado, como já acontece em outras cidades”, afirmou.
Estacionamento como desafio urbano – Outro ponto em destaque foi a necessidade de retomar o sistema de estacionamento rotativo, projeto que tramita na Câmara. Segundo o vereador, já há uma proposta que visa estimular, inclusive, estacionamentos privados, com incentivos ligados ao IPTU.
“O professor Pedro Chaves sugeriu uma ideia interessante: permitir que um terreno usado para estacionamento possa ser considerado como IPTU predial e territorial. Isso pode estimular o uso de áreas ociosas para resolver parte do problema”, explicou Papy.
Segurança, incentivos e espaço urbano – A conversa com os diretores da ACICG também abordou temas sensíveis como segurança pública, presença de moradores de rua e usuários de drogas, além do uso correto dos incentivos concedidos por meio do Prodes — o programa de desenvolvimento econômico de Campo Grande.
Segundo Papy, já foi solicitado à Secretaria da Câmara um levantamento das concessões feitas no Polo Empresarial. O objetivo é verificar se há descumprimento de cláusulas, como o uso adequado dos terrenos cedidos. “Tem caso de empresa com 40 mil m² e só 4 mil m² utilizados. Isso precisa de revisão”, destacou.
Rota Bioceânica e oportunidades perdidas – O presidente também lamentou que Campo Grande tenha deixado passar oportunidades em função da falta de diálogo entre o empresariado e o poder público, especialmente em projetos estratégicos ligados à Rota Bioceânica.
“Todas as grandes empresas passam por aqui antes de decidir onde se instalar. Mas faltou aproximação. Exceto as empresas de celulose, que se fixaram mais ao leste do Estado, ninguém encontrou uma porta aberta na capital. Campo Grande não pode seguir perdendo espaço nesse cenário”, afirmou.
Leis de exceção e ambiente de negócios – A reunião ainda teve espaço para um debate mais amplo: como criar um ambiente jurídico e urbanístico mais flexível para atrair novos investimentos? Papy defendeu a adoção das chamadas “leis de exceção” — normas temporárias e específicas para momentos estratégicos da economia local.
“Essas leis são ferramentas importantes. Elas criam um ambiente propício para o momento, desde que tenham controle. Nossa ideia é aplicar isso de forma responsável, com cláusulas de reversão bem definidas”, concluiu o presidente da Casa de Leis.