Prestigiado nos bastidores do futebol brasileiro e candidato único à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o médico e dirigente esportivo Samir Xaud carrega consigo uma trajetória marcada por uma série de denúncias judiciais e polêmicas administrativas. Mesmo diante dessas controvérsias, Xaud segue firme na disputa para assumir o comando da entidade máxima do futebol nacional, com eleição marcada para o próximo dia 25 de maio.
Réu por Improbidade Administrativa
Entre os principais processos que envolvem o dirigente está uma ação por improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público de Roraima. Segundo a denúncia, Xaud, enquanto diretor-geral do Hospital Geral de Roraima entre 2017 e 2020, teria participado de um esquema de falsificação de documentos que resultou em um prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. O caso tramita no Tribunal de Justiça de Roraima e, embora ainda não haja condenação, o episódio levanta questionamentos sobre a conduta ética do candidato.
Erro Médico e Suspensão Judicial
Outro episódio que manchou a carreira do dirigente ocorreu em 2018, quando Xaud foi suspenso por dois anos da função de perito médico do Tribunal de Justiça de Roraima. O motivo: um erro grosseiro em um laudo judicial, no qual examinou o braço esquerdo de um paciente que, na verdade, havia lesionado a perna esquerda. A falha atrasou a tramitação do processo por quase um ano, gerando críticas à sua competência profissional e levantando dúvidas sobre sua responsabilidade.
Tentativa de Regularização em Área de Proteção Ambiental
Além das questões judiciais, Samir Xaud também é alvo de polêmica relacionada à tentativa de regularização de uma propriedade rural, a “Fazenda Paraíso Perdido”, localizada em Rorainópolis (RR). A área em questão está situada dentro de uma zona de proteção ambiental, marcada por frequentes conflitos fundiários e grilagem de terras. Apesar das evidências documentais, a defesa de Xaud nega que ele seja proprietário do imóvel.
Vínculos Familiares com Escândalos Políticos
As polêmicas que cercam Xaud não se restringem a sua atuação profissional. Suas irmãs, Samara e Sandrea, também figuram em investigações e escândalos políticos. Samara foi assessora do senador Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro escondido na cueca durante uma operação da Polícia Federal em 2020, e é casada com Jean Frank Lobato, apontado como operador do esquema de corrupção do senador. Já Sandrea é esposa do empresário Roger Pimentel, acusado de superfaturar a venda de testes rápidos de Covid-19 para a Secretaria de Saúde de Roraima.
Negativas e Defesa
Apesar da série de denúncias e investigações, Samir Xaud tem negado todas as acusações, classificando-as como parte de uma “política suja” e alegando que sofre preconceito por ser um dirigente oriundo da região Norte do Brasil. Em recentes declarações à imprensa, afirmou: “Nunca fui condenado por nenhum crime e sigo tranquilo quanto à minha idoneidade”.
Apoio Político e Candidatura Isolada
Mesmo envolvido em diversas controvérsias, Xaud se mantém como candidato único à presidência da CBF, com apoio declarado da maioria das federações estaduais. Em 2024, ele foi eleito presidente da Federação Roraimense de Futebol, sucedendo seu pai, Zeca Xaud, que comandava a entidade desde a década de 1980.
Silêncio da CBF e Expectativa para a Eleição
Até o momento, a CBF não se manifestou oficialmente sobre as denúncias que pesam contra o candidato. A expectativa é que a eleição ocorra normalmente, apesar das pressões de parte da opinião pública e de setores críticos do futebol brasileiro, que cobram mais rigor ético no processo de escolha da nova diretoria.
Enquanto isso, o nome de Samir Xaud segue no centro dos holofotes — não apenas pelo favoritismo, mas também pelo conjunto de polêmicas que poderá marcar, desde já, sua eventual gestão à frente da maior entidade esportiva do país.