O jornalista e autor do Twitter Files, Michael Shellenberger, afirmou, nesta quarta-feira (10), que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a contar com ajuda do serviço de inteligência e segurança dos Estados Unidos (FBI) e de policiais brasileiros para atuar na regulação de conteúdos veiculados nas redes sociais durante as eleições.
As declarações do jornalista norte-americano ocorreram em entrevista ao portal Poder360.
– Meu colega David descobriu que o FBI deu conselhos ao governo brasileiro, também descobriu que dentro do TSE existe um grupo de policiais envolvidos na censura, e que a Abin também está envolvida. Eu acho que é uma coisa que deve chocar, os policiais não devem se envolver na censura – assinalou.
Shellenberger considera que a Corte Eleitoral foi “agressiva” em suas determinações, requerendo das plataformas informações privadas de internautas.
– O governo era muito agressivo pedindo informações do Twitter. Por exemplo, eles queriam informações privadas sobre as pessoas, inclusive, informação de números telefônicos, queriam ler as mensagens privadas das pessoas que utilizaram certos tipos de hashtags reclamando, por exemplo, das eleições – expôs.
O comunicador afirma que, embora o Twitter tenha resistido em compartilhar tais informações, outras empresas de tecnologia como Google, Facebook, Amazon e até mesmo Uber repassaram os dados ao governo sem que as pessoas soubessem.
O jornalista relata ainda que o ministro Alexandre de Moraes ordenava a remoção de conteúdos sem permitir que a plataforma revelasse que a decisão havia partido dele.
– Alexandre de Moraes pediu que o X fizesse a censura das pessoas e dissesse que foi o X que decidiu, não ele. É uma coisa muito incrível, né? O governo querer que o X faça a censura e não tomar a responsabilidade, e não dizer que foi pedido pelo governo – acrescentou.