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Chiquinho Brazão usou dinheiro da cota parlamentar para reverter noticiário negativo

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), preso no domingo 24 sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), usava recursos públicos para manter sua imagem positiva em jornais do Estado do Rio de Janeiro. A informação foi publicada pelo portal UOL nesta quinta-feira, 28.

De acordo com a reportagem, na véspera de sua prisão, o deputado fez uma publicação no Instagram em que afirmava que é “realmente gratificante ver o reconhecimento do nosso trabalho e o impacto positivo que podem ter na vida das pessoas”.

Para exemplificar sua mensagem, ele compartilhou uma imagem de uma nota publicada por O Amarelinho, um jornal de classificados de empregos no Rio de Janeiro. A nota mencionava que Brazão havia apresentado um projeto de lei que sugeria a dedução de despesas veterinárias do Imposto de Renda.

O jornal recebeu cerca de R$ 70 mil da cota parlamentar do deputado em seu primeiro mandato, de 2019 a 2022. No segundo mandato, em pouco mais de um ano, já foram mais R$ 15 mil.

Brazão pagou R$ 7,5 mil para jornal interromper repercussões negativas

Outros jornais receberam dinheiro de Brazão depois de veicularem notícias desfavoráveis sobre o parlamentar. Em junho de 2023, o portal Cabo Frio em Foco — sediado na Região dos Lagos — repercutiu uma notícia do Estado de S. Paulo. O título era “Chiquinho Brazão e irmão gastam R$ 400 mil em posto de sócio para abastecer veículos com dinheiro público”.

A nota mencionava que o deputado percorria sete postos de combustível antes de chegar ao estabelecimento do seu sócio, situado aproximadamente a 8 quilômetros de distância do seu escritório, apesar de haver outro posto de gasolina a apenas um minuto de distância do ponto de partida.

Em julho de 2023, Brazão pagou R$ 2,5 mil da cota parlamentar para o Cabo Frio em Foco. Logo depois, o site publicou que o deputado assumiu a presidência da Subcomissão Especial da Reforma Tributária para beneficiar os mais pobres.

Em agosto, Brazão pagou mais R$ 2,5 mil para o veículo, que veiculou três notas positivas, incluindo uma sobre a inauguração da Orla Oscar Niemeyer, em Araruama.

Em janeiro, o portal retomou a publicação de notícias negativas, especialmente sobre atualizações do caso Marielle. O deputado realizou outro pagamento de R$ 2,5 mil. Em seguida, foi publicada uma nota positiva, com o mesmo conteúdo da que foi veiculada pelo Amarelinho.