Após a queda nos índices de aprovação de Lula (PT), o governo identificou a necessidade de uma mudança na estratégia de comunicação para melhorar a percepção da população sobre o trabalho do presidente. Em uma reunião ministerial realizada na segunda-feira (18) no Palácio do Planalto, foram discutidos alguns pontos, incluindo a necessidade de uma maior participação dos ministros nas redes sociais.
Entretanto, analistas políticos acreditam que uma característica da comunicação do governo deve permanecer inalterada: os discursos divisivos de Lula e a contínua rivalidade com Bolsonaro (PL).
Lula deixou claro que não pretende abandonar os discursos radicais ao se referir a Bolsonaro como “covardão”, por supostamente ter cogitado, mas não realizado, a ideia de intervir no resultado das eleições. Essa fala ocorreu antes da reunião ministerial, onde as críticas a Bolsonaro acabaram ganhando mais destaque do que o balanço do governo.
O comportamento de Lula é de estimular a polarização e dirigir-se apenas ao público de esquerda em uma variedade de temas. Especialistas sugerem que essa atitude contribuiu para a queda de popularidade de Lula, conforme indicado por pesquisas recentes.
Uma delas, da consultoria Genial/Quaest, mostrou a terceira queda consecutiva na avaliação do governo Lula. O levantamento revelou que 46% desaprovam o governo e 38% acreditam que a economia piorou. Além disso, críticas de Lula ao governo de Israel foram consideradas exageradas por 60% dos entrevistados.
Deysi Cioccari, doutora em Ciências Políticas, destaca que Lula tem mantido um discurso mais voltado para a esquerda, sem tentar conquistar setores mais à direita como costumava fazer anteriormente. Segundo ela, isso tem contribuído para uma polarização ainda mais intensa.
Leandro Gabiati, analista político da consultoria Dominium, sugere que a queda de popularidade de Lula pode ser atribuída à insatisfação de um eleitorado mais moderado que não vê no governo uma busca pela paz. Esse grupo se incomoda com o apoio de Lula a ditadores como Maduro e Putin.
As pesquisas indicam que manter a polarização e trazer constantemente Bolsonaro à tona não beneficia Lula, segundo Gabiati.