O contador João Muniz Leite, que ficou conhecido como o Contador do Lulinha por ter trabalhado para Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula (PT), é um dos alvos de uma operação realizada na manhã desta terça-feira (9), pelo Ministério Público de São Paulo, para apurar um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empresas de ônibus que operam na capital paulista.
Para viabilizar a operação, a 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital expediu mandado de busca e apreensão em busca de provas que corroborem os indícios de que João seria um dos personagens centrais na montagem do esquema de lavagem de dinheiro da facção pela empresa de ônibus UPBus.
As investigações contra o contador começaram em 2021, no âmbito da Operação Ataraxia, do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), que apontava que Muniz era suspeito de ter amealhado 55 prêmios na loteria. Ao ser ouvido pelos policiais, porém, ele admitiu que esse número era infinitamente maior e que teria vencido 250 vezes.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal O Estado de São Paulo, no entanto, a quantidade de “vitórias” na loteria seria maior até mesmo do que a informada por João. Dados da Polícia Federal apontaram que o contador e a mulher, Aleksandra Silveira Andriani, ganharam juntos 640 vezes na Lotofácil, Mega Sena e Quina.
LIGAÇÃO COM FIGURAS DO PCC
A apuração deflagrada pelo Ministério Público paulista investiga a captura do sistema de transportes de São Paulo pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação descobriu indícios de que existiria uma rede de negócios para lavagem de dinheiro do crime organizado, que incluiria desde escritórios de contabilidade até distribuidoras de combustível.
Seria exatamente nesta rede que estaria incluído Muniz e seus clientes ligados à empresa UPBus. De acordo com a investigação, o contador teria ligação com os principais líderes do PCC envolvidos com a empresa. Um deles seria, segundo o MP, Silvio Luiz Correia, o Cebola, apontado como dono de ao menos 56 ônibus da empresa.
Segundo o MP, uma das provas da relação do contador com o acusado seria o fato de ele ter transmitido as declarações de renda de Cebola e de outros acusados de um mesmo MAC Adress (termo usado para se referir a um endereço de rede). O jornal O Estado de São Paulo disse que procurou o contador para comentar as acusações, mas não conseguiu localizá-lo.
OPERAÇÃO FIM DA LINHA
Na operação desta terça, quatro dirigentes das empresas da UPBus e da empresa Transwolff, que operam na capital paulista, foram presos por suspeita de ligação com o PCC. Também foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão relacionados aos envolvidos.
As ações foram realizadas na capital, em cidades da Grande São Paulo e em municípios do interior paulista. No imóvel de um dos dirigentes, foram encontrados diversos fuzis, revólveres, além de dinheiro e joias.
Para não prejudicar os usuários do sistema, a Justiça de São Paulo determinou ainda que a SPTrans, estatal de transporte coletivo da capital, assuma imediatamente a operação das linhas administradas pela Transwolff, que atua na Zona Sul, e pela UPBus, que administra linhas na Zona Leste. Juntas, as duas transportam 15 milhões de passageiros por mês.