O feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, em Campo Grande, gerou grande repercussão e expôs possíveis falhas no atendimento à vítima pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). As duas delegadas da DEAM de Campo Grande que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte horas antes do seu feminicídio pediram para deixar a unidade após da repercussão negativa do atendimento à jornalista, morta pelo ex-noivo, Caio Nascimento Pereira, de 35 anos, a facadas.
A delegada titular, Elaine Benicasa, colocou o cargo à disposição após conversa com o DGPC (Delegado Geral da Polícia Civil de MS), Lupércio Degerone, na manhã desta terça-feira, 18, conforme apurou O Contribuinte.
Após escândalo, jornalistas são barrados de entrar na DEAM em Campo Grande
Na manhã desta terça-feira (18), jornalistas de diferentes veículos, incluindo o Portal Contribuinte, foram barrados na entrada da Deam. A alegação dada pelos policiais foi de que apenas a delegada poderia autorizar a entrada dos profissionais.
Governo admite “falhas”
O governo de Mato Grosso do Sul, comandado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), admitiu falhas no sistema de proteção às vítimas de violência. Em uma nota oficial emitida anteriormente, o governo lamentou profundamente a morte de Vanessa e expressou solidariedade à família. A nota também reconheceu que tanto as instituições quanto o estado falharam ao não garantir a proteção adequada à vítima.
O governo se comprometeu a revisar os processos e tomar medidas para corrigir os erros identificados. Além disso, a Corregedoria da Polícia Civil já iniciou apurações sobre o caso, com o apoio do Ministério das Mulheres.
Relatos de mau atendimento na Deam tomam redes
Após a divulgação do áudio da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo, centenas de mulheres relataram nas redes sociais experiências negativas no atendimento da Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. Mais de 500 comentários foram registrados nos perfis do Portal O Contribuinte, revelando um padrão de negligência e despreparo no acolhimento às vítimas de violência doméstica. Entre as denúncias, estão relatos de constrangimento, piadas durante o atendimento, descaso com casos graves de agressão e falhas no monitoramento das medidas protetivas. Advogadas que atuam na defesa das vítimas também denunciaram o tratamento inadequado, incluindo situações em que mulheres feridas foram expostas publicamente ao relatar suas agressões. Os depoimentos apontam que muitas vítimas desistem de buscar proteção devido ao atendimento precário, que inclui desde deboche até a descrença nos relatos de violência, mesmo com evidências físicas.A divulgação do áudio da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada com três facadas no peito pelo ex-noivo, Caio Nascimento, trouxe à tona diversos relatos nas redes sociais de negligência na rede de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.