A possibilidade de um novo depoimento do almirante Almir Garnier à Polícia Federal tem gerado uma atmosfera de inquietação, deixando ainda mais tensa a já complexa narrativa. Enquanto o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Jr. se posicionaram claramente, alinhando os discursos nos depoimentos à Polícia Federal, Garnier é uma figura enigmática que pode simplesmente não confirmar o que foi dito.
O receio de que Garnier possa não ficar em silêncio, mas ativamente contradizer os depoimentos de seus colegas ex-comandantes, lança um véu de dúvida sobre a integridade do processo de esclarecimento dos acontecimentos. Tal perspectiva não só ameaça a confiabilidade dos depoimentos, mas também enfraquece, ainda mais, a credibilidade das instituições militares aos olhos do público. A incerteza gerada por um posicionamento divergente de Garnier poderia, efetivamente, enfraquecer toda a narrativa “golpista”, desviando o foco de uma necessária responsabilização individual para um emaranhado de alegações conflitantes e sem provas, até o momento.
Além disso, essa apreensão revela um profundo problema de coesão e lealdade dentro da estrutura militar. O temor de que divergências internas ou ressentimentos pessoais possam vir à tona, destaca uma vulnerabilidade preocupante na unidade e no compromisso com os princípios democráticos por parte de alguns de seus membros.
O potencial depoimento de Garnier, portanto, não deve ser apenas mais uma peça no jogo político, mas um passo crucial na busca pela verdade.
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