Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de MS, o deputado João Henrique colocou o dedo na ferida e mostrou que, em pleno século 21, não é mais possível se calar diante do malfeito. Além de informar que ganhou, por 5 x 0, um processo movido pelo governador Eduardo Riedel, o deputado explicou como perdem o Estado e a população quando o chefe do Executivo tenta tolher o seu direito de opinar.
“Segui o ensinamento da Bíblia: não temas. Fui vencedor num processo no qual o Governador do Estado Eduardo Riedel exigia a cassação do meu mandato anterior, solicitava que eu fosse impedido de usar a tribuna da Casa para expor minhas opiniões sob a alegação de que estavam lhe prejudicando e, ainda, pedia que eu ficasse oito anos impedido de disputar as eleições e pagasse multa. Ganhei o processo e ganharam também os parlamentares, que continuarão tendo o direito de se manifestar, de opinar”.
Em sua fala, o deputado João Henrique mostrou como ficará marcado no mandato do atual governador um fato histórico. “Ele entra para a história como o primeiro governador que, se sentindo intimidado, pede a cassação e a inelegibilidade de oito anos de um parlamentar da Assembleia Legislativa de MS. Este é um fato histórico. Eu enfrentei com dignidade um processo disciplinar na Comissão de Ética dessa Casa, totalmente parcial, ilegal e viciado, conduzido à época pelo então candidato eleito vice- governador do Estado, o Barbosinha, que se sentia prejudicado pelo conteúdo de minhas opiniões. Mas hoje eu tenho a certeza de que esta Casa não pode se acovardar e eu continuarei falando o que está acontecendo de errado no MS”.
Avaliando o atual cenário de migração da maioria dos prefeitos de MS para o PSDB, o deputado mostrou como quem sai perdendo com esta adesão em massa é o próprio Governo. “A cada adesão de prefeito ao PSDB há uma comemoração, como se neste ato houvesse adesão a uma agenda política. Mas o povo enxerga este tipo de manobra política tratorista, nefasta, quase que obrigando os prefeitos, que estão atrás de recursos e obras, a migrar para o partido do governador. Eles podem até querer colocar nestes prefeitos bico e pena, mas eles ficarão gordos, não vão parecer tucano, mas peru, não levantarão voo. E é preciso falar que este tipo de política está ultrapassado, prejudicando o próprio PSDB”, enfatiza João Henrique.
O deputado também questionou, na tribuna, o fato de a base do Governo impedir os parlamentares de trazerem à tona discussões necessárias, que interferem no dia a dia da população sul-mato-grossense, como os elevados custos das taxas cartorárias, o Fundersul, a falta de transparência e má gestão da Cassems, a CPI da Energisa entre outros assuntos polêmicos. “Parece que o governo segura tudo em todos os órgãos. Na Energisa não podemos mexer, na Cassems não devemos mexer, a gasolina está cara por conta do ICMS, o Fundersul foi aumentado a um valor absurdo, o imposto garantido obriga o empresário a recolher antes mesmo de vender. O Governo não deixa, a partir de suas bases, a gente mexer nestas questões. Onde é que vamos parar?”, finaliza o deputado.