O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) chegou a Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira, 6, como parte de uma caravana nacional para tentar reverter o processo de cassação que enfrenta na Câmara dos Deputados. Glauber responde por quebra de decoro parlamentar após um episódio de agressão física contra um militante. O Conselho de Ética da Câmara aprovou por 13 votos a cinco, o parecer pela cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Após a derrota no conselho de ética, o caso deve ser votado no plenário da Câmara, onde são necessários ao menos 257 votos favoráveis para que o mandato de Glauber seja cassado.
Na noite de sua chegada, o deputado foi recebido com entusiasmo no Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), onde foi homenageado em um evento marcado por discursos inflamados e aplausos, como se fosse um símbolo de “resistência política” e não um parlamentar sob risco de cassação por agressão. Nesta sexta-feira, 7, Glauber segue cumprindo agendas políticas no estado.
O Sindicato, junto com a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), promoveu uma espécie de culto à personalidade com direito a aclamação pública. O deputado ainda foi agraciado com o título de “Visitante Ilustre” aprovado pela Camara de Vereadores de Campo Grande.
Valores invertidos
Esse episódio revela um problema profundo: a inversão de valores em determinados setores da sociedade, sobretudo em entidades que deveriam prezar pela ética e exemplo público, como é o caso dos sindicatos ligados à educação. O que se espera de uma instituição que representa professores, educadores e pedagogos é, no mínimo, imparcialidade.. No entanto, ao abraçar a figura de um deputado acusado de agressão como se fosse um “mártir da democracia”, o sindicato deixa evidente que sua atuação está longe da neutralidade.
A presença majoritária de lideranças ligadas ao PT e ao PSOL no evento organizado pela ACP reforça essa percepção. Não havia pluralidade de vozes ou diversidade de pensamento. O evento foi claramente direcionado para sustentar uma narrativa ideológica, ignorando qualquer responsabilidade institucional com a educação pública e com os profissionais da área.
O sindicato deveria estar defendendo o interesse da categoria, lutando por melhores condições de trabalho, valorização profissional e qualidade do ensino. Em vez disso, promoveu uma cerimônia política travestida de ato democrático para exaltar um parlamentar que agrediu fisicamente um colega. Uma atitude que não pode ser chamada de democrática.
Quando uma entidade representativa opta por proteger ou glorificar alguém que praticou um ato de violência, ela passa a ser cúmplice do desrespeito que tanto deveria combater. A educação e os profissionais que a representam, não pode ser usada como palanque.
O sindicato dos profissionais da educação perde credibilidade ao agir como um braço ideológico de um partido, e não como uma entidade comprometida com o bem coletivo. É preciso urgentemente separar educação de militância.
Veja o episódio de agressão