Samir Xaud, eleito presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) neste domingo, com o apoio de 25 das 27 federações estaduais, enfrenta um processo por improbidade administrativa que pode resultar em seu afastamento do cargo, assim como ocorreu com seu antecessor, Ednaldo Rodrigues.
Apesar da vitória expressiva entre as federações, boa parte dos clubes das Séries A e B não apoiou a candidatura de Xaud. Os clubes formaram um bloco crítico à sua eleição, defendendo maior participação nas decisões da entidade e criticando a influência desproporcional das federações no colégio eleitoral da CBF. A falta de respaldo entre os principais clubes brasileiros aumenta a pressão sobre o novo presidente, que já inicia sua gestão sob forte questionamento.
O processo que ameaça a permanência de Xaud na presidência foi movido pelo Ministério Público de Roraima, que o acusa de envolvimento em um esquema de pagamentos irregulares durante sua gestão como diretor-geral do Hospital Geral de Roraima (HGR) em 2018. Segundo a denúncia, houve simulação de serviços médicos inexistentes, beneficiando indevidamente a empresa Coopebras e causando um prejuízo estimado em R$ 1,4 milhão aos cofres públicos.
A ação tramita no Tribunal de Justiça de Roraima e, embora ainda esteja em fase inicial, especialistas alertam que, caso prospere, um juiz de primeira ou segunda instância pode determinar o afastamento cautelar de Xaud, impedindo-o de seguir à frente da CBF. Esse cenário seria semelhante ao vivido por Ednaldo Rodrigues, que foi destituído do cargo por decisão judicial após ser acusado de irregularidades na condução da entidade.
Os advogados de Xaud sustentam que não há provas de irregularidades e que ele está plenamente habilitado para exercer a presidência da CBF, enquanto o dirigente evita comentar publicamente o caso, buscando focar na transição administrativa e na gestão da entidade.
Quem é Samir Xaud?
Natural de Roraima, Samir Xaud, 50 anos, é advogado e empresário. Construiu sua carreira no setor público, tendo ocupado cargos de destaque na gestão estadual, como diretor-geral do Hospital Geral de Roraima e secretário estadual de Saúde adjunto. Além disso, presidiu por anos a Federação Roraimense de Futebol (FRF), o que o aproximou das lideranças do futebol nacional.
Sua trajetória na CBF começou como representante da Região Norte nas reuniões da entidade, articulando apoio político entre federações menores e consolidando sua influência nos bastidores. Com o desgaste político de Ednaldo Rodrigues e o vácuo de poder criado por sua saída, Xaud foi alçado à condição de candidato de consenso entre a maioria das federações estaduais.
Sua eleição, porém, não conseguiu pacificar o ambiente do futebol brasileiro. A rejeição de boa parte dos clubes e a existência do processo judicial adicionam incertezas sobre a estabilidade de sua gestão e o futuro da CBF.
Enquanto isso, o futebol brasileiro observa atentamente os desdobramentos do caso, temendo mais um ciclo de instabilidade e judicialização na principal entidade esportiva do país.