O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou novas projeções fiscais para o Brasil até 2029, indicando um cenário desafiador em termos de déficit primário e aumento da dívida pública. De acordo com o relatório “Monitor Fiscal”, apresentado durante as reuniões de Primavera do FMI em Washington, o país continuará registrando déficits primários até o final do mandato do presidente Lula.
Segundo as estimativas do FMI, o Brasil terá um déficit primário de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 e de 0,3% em 2025. A expectativa é que o país só alcance o equilíbrio fiscal em 2026, último ano do governo Lula. A partir de 2027, prevê-se um retorno ao superávit, começando com 0,4% do PIB e melhorando progressivamente até 2029.
Essas projeções representam uma revisão para pior em comparação com os números divulgados anteriormente pelo FMI em outubro do ano passado. Naquela época, previa-se um déficit primário de 0,2% do PIB em 2024 e um superávit de 0,2% em 2025. A revisão para baixo das metas fiscais por parte do governo Lula contribuiu para essa visão mais pessimista do FMI.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou a mudança nas metas fiscais como um ajuste necessário para garantir a estabilidade da dívida pública no médio prazo. No entanto, o FMI não vê o novo cenário fiscal como suficiente para conter o aumento da dívida. Prevê-se que a dívida pública bruta do Brasil atinja 86,7% do PIB em 2024 e continue aumentando, chegando a 90,9% do PIB em 2026.
Esses números colocam o Brasil em uma situação de endividamento mais elevado do que a média dos países emergentes, e a dívida como proporção do PIB só é superada por nações como Egito e Ucrânia, de acordo com as projeções do FMI. Essa persistente alta na dívida é uma preocupação tanto para investidores quanto para as agências de classificação de risco.