Cerca de 17 cidades do Rio Grande do Norte sofreram ataques durante a madrugada de terça-feira (14). Além da capital, Natal, foram alvo de ataques as cidades de Acari, Boa Saúde, Caicó, Campo Redondo, Cerro Corá, Jaçanã, Lagoa D’anta, Lajes Pintadas, Montanhas, Mossoró, Nísia Floresta, Parnamirim, Santo Antônio, Tibau do Sul, Touros e São Miguel do Gostoso.
Entre os alvos estão um fórum de Justiça, duas bases da Polícia Militar, uma prefeitura e um banco. Carros que estavam estacionados em ruas e em garagens públicas, além de uma loja de motos, também foram atingidos.
Depois dos ataques criminosos ocorridos, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, autorizou o envio de agentes da Força Nacional de Segurança ao local.
Fátima Bezerra, governadora do Estado, solicitou pessoalmente o auxílio, para o enfrentamento da violência desencadeada por ataques a prédios públicos e estabelecimentos comerciais da região.
“Atendendo à solicitação da governadora Fátima, autorizei o envio da Força Nacional para colaborar com a ação das forças estaduais de segurança. Outras ações estão sendo providenciadas e posteriormente serão anunciadas”, declarou o ministro da Justiça.
A pasta disponibilizará cem agentes da Força Nacional, além de 30 viaturas. Para ajudar na logística e no transporte dos agentes, além de dar celeridade ao auxílio ao Estado, o Ministério da Defesa deve ceder aviões da FAB para o atendimento da demanda. As viaturas serão levadas via terrestre.
Ministério da Justiça também determinou que a Polícia Rodoviária Federal reforce o patrulhamento em rodovias no interior do Estado, para controlar a movimentação de criminosos.
Quem cometeu os atos terroristas?
A facção criminosa apontada como a responsável pela série de ataques é conhecida pelo uso de táticas terroristas no enfrentamento ao Estado e pela guerra contra o PCC.
Fundado há dez anos, o Sindicato do Crime tem expandido a sua área de domínio com ações violentas, obrigando o grupo paulista a buscar refúgio em municípios mais afastados da capital Natal.
O Sindicato é uma dissidência do PCC, que começou a ser montada ainda em 2012, quando presos ligados à facção paulista questionavam a obrigação de seguir ordens e enviar recursos arrecadados com o crime para São Paulo. Com o racha, as duas facções passaram a disputar o crime organizado no Rio Grande do Norte, mas o Sindicato foi ganhando cada vez mais força e hoje está mais presente em ruas e presídios. A facção foi descoberta com as investigações da operação Alcatraz, em 2014. Segundo apurações do Ministério Público do Estado, o grupo tem o lema “Humildade, paz e liberdade”.
Entre 2016 e 2018, foram pelo menos três grandes episódios de violência envolvendo o Sindicato do Crime e o PCC. O mais grave deles foi uma a guerra dentro do presídio de Alcaçuz em janeiro de 2017, que resultou no assassinato de 26 membros da facção nordestina por integrantes do PCC.
Foi justamente após levar a pior na guerra dentro do sistema prisional que o Sindicato se aliou ao CV (Comando Vermelho), facção criminosa carioca, e intensificou o enfrentamento nas ruas contra o PCC. Com cerca de 5 mil criminosos ligados à facção no estado, o grupo tem mantido a hegemonia do tráfico de drogas, aponta CS Barbosa, autor do livro sobre as organizações criminosas locais.
O PCC levou a melhor [no massacre]. Mas, depois disso, o Sindicato radicalizou a guerra nas ruas. Com isso, a facção paulista perdeu o controle do tráfico em Natal. Quando criminosos do PCC saem da cadeia, eles vão para o interior. Porque sabem que vão morrer se ficarem na capital.”. – CS Barborsa autor do livro “As facções criminosas do RN”.