(67) 9 9123-6297 | ocontribuintebr@gmail.com

Pesquisar
Close this search box.

Governo Lula: Juscelino Filho pede demissão do Ministério das Comunicações após denúncia de corrupção

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pediu demissão do cargo nesta terça-feira (8). A decisão ocorre após ele ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma investigação sobre suposto desvio de emendas parlamentares na época em que atuava como deputado federal.

O documento da PGR foi entregue ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, relator do caso.

É a primeira denúncia do procurador-geral Paulo Gonet contra um membro do primeiro escalão do governo Lula. O processo é sigiloso e físico.
Em junho de 2024, quando a Polícia Federal indiciou o ministro, Lula havia informado que o afastaria caso a denúncia fosse remetida à Justiça.
Segundo o presidente, ainda cabia etapas no rito processual, que agora poderá se tornar uma ação penal caso a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decida aceitar a denúncia.

Relembre o caso
Quando era deputado federal pelo União Brasil, Juscelino Filho destinou emendas parlamentares à prefeitura de Vitorino Freire (MA), cidade que era administrada por sua irmã Luanna Rezende. Segundo a denúncia, ele teria recebido propinas em troca da destinação dos recursos e do direcionamento de contratos a certas empresas
A investigação foi instaurada a partir de uma reportagem do Estadão. Em janeiro de 2023, o jornal revelou que o ministro, quando deputado, destinara recursos do orçamento secreto para asfaltar uma estrada na cidade que passava pela fazenda da sua família.
A denúncia foi oferecida a partir das investigações da Operação Benesse, fase ostensiva da investigação aberta em setembro de 2023. Na ocasião, a irmã de Juscelino, Luanna Rezende, foi afastada da prefeitura de Vitorino Freire.

A Polícia Federal já havia indiciado o ministro em junho do ano passado, mas as conclusões não vinculam a atuação da Procuradoria-Geral da República. A PGR tem autonomia para analisar as provas e decidir sobre a denúncia.
Os recursos destinados por Juscelino Filho foram transferidos à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e, na sequência, foram parar na prefeitura da irmã.
Loteada pelo Centrão, que inclui o União Brasil, partido do ministro, a Codevasf operacionalizou a distribuição de verbas do orçamento secreto. Ao menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro ganharam mais de R$ 36 milhões em contratos com a prefeitura de Vitorino Freire.

Em maio, uma auditoria interna da Codevasf concluiu que houve irregularidades em obras realizadas em Vitorino Freire com recursos indicados por Juscelino Filho. A conclusão se deu após a análise de dois contratos que totalizam R$ 8,988 milhões e tratam da estrada do ministro e outras ruas da cidade maranhense. A auditoria também constatou pagamentos indevidos para empresa contratada para as obras.
Em nota, a defesa de Juscelino Filho disse que até o momento não foi notificada sobre a denúncia do Ministério Público e que o ministro alega inocência.
O que diz a defesa de Juscelino Filho
“A defesa de Juscelino Filho disse que até o momento não foi notificada sobre a denúncia do Ministério Público. Tal andamento sequer consta na consulta processual. Aliás, em se confirmando, temos um indício perigoso de estarmos voltando à época punitivista do Brasil, quando o MP conversava primeiro com a imprensa antes de falar nos autos.
De toda forma, o ministro reafirma sua total inocência e destaca que o oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o MP pautar o país. O julgamento cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF), em quem Juscelino Filho confia que rejeitará a peça acusatória diante da sua manifesta ausência de provas.
Aliás, essa é a melhor oportunidade para se colocar um fim definitivo a essa maratona de factoides que vem se arrastando por quase 3 anos, com a palavra final da instância máxima do Poder Judiciário nacional.
Além disso, o ministro ressalta que o caso não possui qualquer relação com sua atuação à frente do Ministério das Comunicações, cuja gestão – assim como em todos os cargos públicos que atuou – é pautada pela transparência, eficiência e compromisso com o interesse público.
Como deputado federal, no mandato anterior, Juscelino Filho limitou-se a indicar emendas parlamentares para custear a realização de obras em benefício da população. Os processos de licitação, execução e fiscalização dessas obras são de competência exclusiva do Poder Executivo, não sendo responsabilidade do parlamentar que indicou os recursos.
O ministro reitera sua confiança na Justiça e na imparcialidade do Supremo Tribunal Federal, acreditando que a verdade prevalecerá e que sua inocência será devidamente comprovada.”
Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Francisco Agosti, advogados de Juscelino Filho”