O Grupo Trafigura, acusado pela operação Lava Jato de causar prejuízos à Petrobras, admitiu culpa em um tribunal federal de Miami, confirmando as investigações sobre corrupção durante os governos do PT. Ao aceitar um acordo de confissão com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) nesta quinta-feira, 28, a companhia reconheceu mais de uma década de suborno no Brasil.
A Trafigura, gigante do comércio de commodities com base na Suíça, infringiu as normas antissuborno da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA), concordando em pagar uma multa criminal de 80,4 milhões de dólares e o confisco de 46,5 milhões de dólares. Este valor está alinhado aos 127 milhões de dólares previamente reservados pela empresa para resolver as acusações.
Nicole M. Argentieri, vice-procuradora-geral adjunta do DOJ, destacou que a Trafigura subornou autoridades brasileiras por mais de uma década, gerando mais de 61 milhões de dólares em lucros ilícitos. “A confissão de hoje reafirma que empresas que cometem suborno e prejudicam o Estado de Direito serão severamente punidas,” afirmou.
Markenzy Lapointe, procurador dos EUA para o Distrito Sul da Flórida, reiterou o compromisso em combater práticas corruptas e subornos, tanto de indivíduos quanto de corporações.
A prisão de Mariano Marcondes Ferraz em 2016 pela Lava Jato, e sua subsequente acusação de corrupção e lavagem de dinheiro pelo então juiz Sergio Moro, destacam as ações ilícitas para obtenção de contratos na Petrobras. Moro detalhou o pagamento de 870 mil dólares de propina a Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da Petrobras, efetuado através de múltiplas transferências bancárias internacionais.