O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta terça-feira (8) que “questões ideológicas” estão interferindo em decisões da pasta. A declaração foi feita durante um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que marcou o início de uma parceria entre a entidade e o Ministério da Defesa.
– “Recentemente, houve uma licitação, vencida por israelenses. No entanto, devido à guerra com o Hamas e a influência de grupos políticos, apesar de termos o processo pronto, por questões ideológicas, não podemos avançar” – disse o ministro.
Embora não tenha detalhado o caso, Múcio provavelmente se referia à licitação vencida pela empresa israelense Elbit Systems, em abril, para o fornecimento de 36 veículos blindados destinados à artilharia do Exército. O contrato está parado devido a pendências internas, sendo uma delas a oposição de Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais da Presidência da República.
Críticos da compra apontam que seria incoerente o governo brasileiro adquirir equipamentos militares de Israel, especialmente considerando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) critica ações israelenses na Faixa de Gaza. Além disso, argumentam que o valor de quase R$ 1 bilhão poderia, indiretamente, financiar os ataques israelenses. Contudo, a Elbit Systems venceu a licitação por critérios técnicos e de menor preço, superando concorrentes da França, China e Eslováquia.
No mês passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) esclareceu ao Ministério da Defesa que as leis brasileiras não impedem a compra de materiais de empresas localizadas em países em guerra, nem há tratados internacionais que proíbam essas aquisições. Múcio também mencionou que o TCU impediu que o contrato fosse concedido à segunda colocada, a empresa checa Excalibur. Além disso, a KNDS France, que ficou em terceiro lugar na disputa, entrou com uma representação no TCU, alegando irregularidades no processo e solicitando a suspensão da compra até que a questão seja analisada.
