A Interpol incluiu oficialmente o nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na lista de difusão vermelha, destinada à localização e prisão de pessoas procuradas internacionalmente. A decisão atende a um pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a inserção da parlamentar após seu descumprimento de medidas judiciais e fuga do país.
Segundo informações confirmadas pela CNN Brasil, Zambelli é considerada foragida desde que deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos sem autorização judicial. O STF havia determinado a retenção de seu passaporte e a proibição de sair do território nacional, medidas que foram descumpridas.
A difusão vermelha da Interpol é um alerta global para que autoridades policiais em mais de 190 países possam localizar e prender temporariamente o procurado, com vistas a uma eventual extradição. Com a inclusão de Zambelli na lista, ela poderá ser presa fora do Brasil, especialmente nos países com os quais o país mantém acordos de cooperação jurídica.
Juristas veem ilegalidade na ordem de prisão
Setores da comunidade jurídica criticaram duramente a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Juristas e advogados constitucionalistas apontam que, mesmo diante da condenação, Zambelli ainda possui prerrogativas parlamentares, e sua prisão não poderia ser decretada unilateralmente sem aval da Câmara dos Deputados, conforme estabelece a Constituição Federal no artigo 53.
Além disso, argumentam que a pena em regime aberto não justifica, por si só, um pedido de prisão preventiva ou internacional, especialmente porque a execução da pena ainda depende de tramitação formal dentro da Câmara para perda definitiva do mandato. Para esses juristas, a medida de Moraes fere o princípio da legalidade e da separação entre os Poderes, e poderia configurar abuso de autoridade.
Impacto político
A inclusão de Carla Zambelli na lista da Interpol representa um marco inédito na história recente do país, ao envolver uma parlamentar no exercício do mandato em uma rede internacional de captura. A medida reforça o tom firme adotado por Alexandre de Moraes contra figuras políticas associadas ao bolsonarismo.
Lideranças do PL e de grupos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro reagiram com críticas, classificando a ação como “perseguição política”. Já parlamentares da base governista dizem que a Justiça está sendo aplicada de forma exemplar diante de tentativas de burlar a lei.
Próximos passos
Com o alerta da Interpol ativo, cabe agora às autoridades norte-americanas e de outros países verificar a presença da parlamentar em seus territórios. Caso seja localizada, Zambelli poderá ser detida provisoriamente e extraditada ao Brasil, a depender da cooperação entre os países e dos tratados firmados.
A defesa da deputada ainda não se manifestou publicamente. A Câmara dos Deputados também não comentou sobre os desdobramentos políticos, mas o processo de cassação pode ser acelerado nas próximas semanas.
