No primeiro semestre deste ano, investidores estrangeiros retiraram mais de R$ 40 bilhões em ações da Bolsa brasileira (B3), equivalente a US$ 7,9 bilhões, de acordo com um levantamento da Bloomberg divulgado nesta quarta-feira (03). Esse é o pior desempenho para um primeiro semestre desde 2020, durante o ápice da pandemia de Covid-19, quando os resgates alcançaram US$ 16 bilhões.
As saídas de capital coincidem com uma crescente preocupação de analistas em relação ao cenário fiscal do Brasil e com a valorização do dólar frente ao real. Globalmente, as expectativas de taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos por um período prolongado têm reduzido o apetite por ativos de risco, incluindo os de mercados emergentes.
Todos os meses deste ano registraram retiradas líquidas de investimentos estrangeiros, algo não observado desde o primeiro semestre de 2020. Abaixo, o histórico de investimentos estrangeiros nos primeiros semestres dos últimos anos, conforme levantamento da Bloomberg. Números negativos indicam saída líquida de recursos, enquanto números positivos representam entrada líquida de investimentos:
– 2008: – US$ 4 bilhões
– 2009: + US$ 4,8 bilhões
– 2010: – US$ 1,6 bilhão
– 2011: – US$ 0,6 bilhão
– 2012: + US$ 1,5 bilhão
– 2013: + US$ 2,4 bilhões
– 2014: + US$ 5,5 bilhões
– 2015: + US$ 7,2 bilhões
– 2016: + US$ 3,6 bilhões
– 2017: + US$ 1,5 bilhão
– 2018: – US$ 2,4 bilhões
– 2019: – US$ 1 bilhão
– 2020: – US$ 16 bilhões
– 2021: + US$ 3,7 bilhões
– 2022: + US$ 10,1 bilhões
– 2023: + US$ 3,5 bilhões
– 2024: – US$ 7,9 bilhões
A contínua retirada de capital estrangeiro da B3 reflete uma combinação de fatores internos e externos. Internamente, as incertezas fiscais e econômicas do Brasil têm gerado desconfiança entre os investidores. Externamente, a política monetária dos Estados Unidos e a alta do dólar têm incentivado a busca por ativos considerados mais seguros.
Analistas ressaltam que o Brasil precisa resolver suas questões fiscais para reconquistar a confiança dos investidores estrangeiros. A estabilidade política e econômica, aliada a uma comunicação clara e eficaz das políticas fiscais, será crucial para reverter esse quadro e atrair novamente o capital internacional.