A jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, Servidora pública do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS), morreu na noite desta quarta-feira (12) na Santa Casa de Campo Grande após ser esfaqueada pelo ex-noivo, Caio Nascimento. O crime ocorreu na residência da vítima, no bairro Vila Rica, horas após ela registrar um boletim de ocorrência contra o agressor por violência doméstica. O caso, que teve grande repercussão, é mais um episódio de feminicídio no Brasil e reacende o debate sobre as falhas no sistema de proteção às mulheres vítimas de agressão.
Segundo informações da Polícia Civil, Vanessa foi atacada na frente de um amigo que a acompanhava até sua casa para solicitar que Caio Nascimento, o ex-noivo, deixasse a residência. O agressor, que planejava a ação, atingiu a jornalista com três golpes de faca na região do coração. Com ferimentos graves, Vanessa foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada às pressas para a Santa Casa de Campo Grande, onde passou por atendimento emergencial, mas não resistiu às lesões e faleceu horas depois, por volta das 23h55.
O suspeito foi preso em flagrante pelas autoridades e deve responder por feminicídio. A arma utilizada no crime foi apreendida no local, onde a Polícia Militar e a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) realizaram os primeiros levantamentos periciais.
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Medidas preventivas em falha
Vanessa Ricarte havia comparecido à delegacia no mesmo dia do crime para denunciar Caio Nascimento por violência doméstica. Embora tenha registrado o boletim de ocorrência, a proteção que deveria ter sido garantida por medidas legais mostrou-se insuficiente. O caso evidencia, uma vez mais, as falhas no sistema de proteção a vítimas de agressão, sendo que, mesmo após a denúncia, Vanessa continuou vulnerável ao ataque de seu agressor.
Vanessa Ricarte: uma trajetória interrompida
Vanessa era servidora pública do MPT-MS e trabalhava como jornalista em uma instituição cujos esforços estão centrados na garantia de direitos e justiça no âmbito trabalhista. Reconhecida por seus colegas como profissional dedicada e comprometida, sua trajetória foi brutalmente interrompida. Amigos e familiares lamentaram profundamente a tragédia, descrevendo-a como uma mulher gentil e uma profissional exemplar.
Vanessa se vai, e deixa uma vida repleta de amor a sua profissão e também ao seu noivo, onde se comprova pelas inúmeras declarações de amor dela, para ele em seu perfil nas redes sociais.
Em sua memória, colegas organizaram homenagens e destacaram que sua morte deve servir como alerta: o feminicídio, que segue em níveis alarmantes no Brasil e no MS, precisamos de respostas mais efetivas e imediatas do poder público.
Precisamos conversar de homem para homem
O feminicídio, classificado como crime hediondo no Brasil desde 2015, continua sendo uma realidade trágica e inquietante. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2023, o país registrou mais de 1.400 casos de feminicídio, equivalente a uma mulher assassinada a cada seis horas, cenário que expõe a urgência de reforçar os sistemas de proteção às vítimas e punição aos agressores. Mato Grosso do Sul, o estado onde o crime ocorreu, apresenta índices acima da média nacional, reforçando a necessidade de atenção das autoridades à segurança das mulheres.
Especialistas em segurança pública defendem a ampliação do acesso a medidas protetivas e à rede de apoio às vítimas como passos indispensáveis para combater a violência de gênero. Além disso, ressaltam a importância de canais de denúncia mais acessíveis e ágeis, somados ao fortalecimento da atuação das delegacias especializadas no atendimento à mulher.
O caso de Vanessa Ricarte trouxe comoção nas redes sociais e entre movimentos que defendem os direitos das mulheres. Organizações chamaram atenção para a necessidade de políticas públicas mais eficazes na prevenção do feminicídio e na proteção de mulheres em situação de risco. O Ministério Público do Trabalho emitiu uma nota de pesar lamentando a perda de sua funcionária e reforçando o compromisso da instituição em combater todas as formas de violência e discriminação.
O caso de Vanessa é um lembrete doloroso da urgência de medidas mais severas e eficazes para proteger as mulheres, responsabilizar agressores e evitar que tragédias como essa se repitam. A luta contra o feminicídio é, sem dúvidas, uma questão que exige ações imediatas, constantes e abrangentes.
Onde buscar ajuda?
Mulheres em situação de violência podem recorrer à Casa da Mulher Brasileira – disque **180**, um serviço 24 horas e gratuito que oferece orientações e encaminhamentos necessários. Denúncias também podem ser feitas pelo número **190**, da Polícia Militar, ou diretamente em delegacias especializadas.