A Justiça marcou para o dia 2 de julho a audiência de instrução e julgamento do juiz aposentado compulsoriamente Aldo Ferreira da Silva Júnior, acusado de improbidade administrativa. O processo tramita na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande (MS).
Aldo foi punido com aposentadoria compulsória pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) em 24 de fevereiro de 2022. Apesar da penalidade, ele continua recebendo vencimentos — segundo o Portal da Transparência, sua remuneração em março de 2025 foi de R$ 30.507,82.
A denúncia contra o magistrado envolve suposta prática de atos que ferem os princípios da administração pública. Segundo o Ministério Público, o juiz teria recebido, de forma indireta, R$ 300 mil do advogado Ildefonso Lucas Gessi para agilizar o pagamento de precatório quando atuava como auxiliar na vice-presidência do TJMS. O dinheiro teria sido repassado de forma parcelada a Pedro André Scaff Raffi, apontado como sócio oculto do juiz.
O juiz responsável pelo caso, Ariovaldo Nantes Corrêa, afirmou no despacho que a controvérsia gira em torno da existência ou não de dano ao erário e eventual enriquecimento ilícito dos envolvidos. Ele autorizou o compartilhamento de provas com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a pedido da defesa de Aldo, e deferiu oitiva de testemunhas, como o desembargador aposentado João Batista da Costa Marques e o advogado André Luiz Borges Netto.
Também foi aceita a inclusão de documentos solicitados pelo Ministério Público Estadual (MPE), com cópias de uma ação penal em tramitação na 4ª Vara Criminal de Campo Grande.
Aldo Ferreira já havia sido afastado anteriormente da 5ª Vara da Família e Sucessões de Campo Grande, sob suspeita de transformar o gabinete em um “balcão de negócios”. Ele foi alvo da Operação Espada da Justiça, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em 2019.
Mais recentemente, em outubro de 2024, o nome do magistrado voltou a aparecer na Operação Ultima Ratio, da Polícia Federal, que apura um esquema de venda de sentenças judiciais no TJMS. As investigações apontaram que Aldo teria recebido R$ 1,1 milhão de recursos provenientes de um golpe aplicado pela esposa contra um aposentado de Petrópolis (RJ).