O presidente Lula fez a mais enfática defesa das políticas de esquerda de segurança pública, focalizando no desencarceramento e na ressocialização de presos. Durante a campanha, ele já demonstrava uma postura condescendente, afirmando, por exemplo, que os jovens roubam celulares para sobreviver. Em uma ocasião disse que não se pode permitir que os jovens “continuem tendo como razão de vida roubar celular para poder sobreviver” e, em outra, declarou que “uma juventude enorme, por falta de perspectivas, às vezes é presa roubando um celular”.
Recentemente, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, defendeu a descriminalização das drogas para reduzir o número de presos, que ele considera excessiva, embora menos de 10% dos homicídios sejam investigados e solucionados no Brasil e a maioria esmagadora dos furtos e roubos fique sem solução.
No discurso de quarta-feira 15, no lançamento da reedição do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania (Pronasci II), Lula, que também fez críticas à atuação da polícia, declarou ter pedido a Almeida que faça um mutirão para visitar as cadeias do Brasil.
“Acho que era importante você pegar a Defensoria Pública e pegar um grupo de advogados e vocês começarem a visitar todas as delegacias para a gente ver quanta gente que está presa sem nunca ter sido ouvida por um advogado, sem nunca ter sido visitada por um juiz”, afirmou, referindo-se a parte da conversa que teve com Almeida. “Nós queremos a cadeia cheia de gente que cometeu crime e não queremos a cadeia cheia de gente inocente como nós temos hoje no Brasil”, disse o presidente.
Com a lei que instituiu as audiências de custódia, todos os presos devem passar pela presença de um juiz, acompanhados de um defensor público ou advogado constituído, em até 24 horas depois da prisão. E a grande maioria desses presos, detidos pelos crimes chamados de “menor potencial ofensivo”, é colocada em liberdade.