O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dividiu palanque pela primeira vez com o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e afirmou que seus vetos não têm caráter ideológico ou partidário. A declaração veio dias após Motta minimizar a possibilidade de uma tentativa de golpe de Estado nos atos de 8 de janeiro de 2023.
“A gente vai voltar para casa tendo certeza do que está acontecendo aqui hoje, em Brasília, neste salão. Não é uma manifestação qualquer. É uma manifestação, primeiro, republicana, porque aqui não tem veto ideológico, não tem veto partidário, não tem veto religioso e não tem veto de gênero”, disse Lula nesta segunda-feira (10), durante um evento na capital federal.
O discurso foi feito na cerimônia de entrega do Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, que reuniu prefeitos e governadores de todo o país. Lula volta a falar aos gestores nesta terça-feira (11).
O presidente também defendeu mais investimentos na educação e garantiu que não faltarão recursos. No entanto, o programa Pé-de-Meia, uma das principais iniciativas do governo, continua parcialmente bloqueado por ordem do Tribunal de Contas da União (TCU) devido à falta de definição sobre sua fonte de financiamento.
“Dinheiro tem. É só a gente dizer que vai colocar dinheiro, e vocês viram o que estamos fazendo na educação, viram quanto de dinheiro o Fundeb tem. O papel do tesoureiro é sempre dizer não, e o papel do outro é sempre querer mais. Agora, entre o não do tesoureiro e a reivindicação do cara, eu posso decidir. E enquanto eu for presidente da República, não vai faltar recurso para a gente recuperar a educação deste país”, afirmou.
Lula destacou que a educação pública no passado tinha mais qualidade, mas atendia a um público menor, e criticou a visão de que o país deveria ser governado para uma elite restrita, um tema recorrente em seus discursos.
“Este país teve governantes que achavam que deveria ser governado apenas para 35% da população. Para esse grupo, não haveria problema de orçamento nem de déficit fiscal. Ia sobrar dinheiro, porque o governo atenderia menos pessoas e, ainda por cima, pessoas mais ricas”, disse.
O presidente também rebateu críticas ao piso salarial dos professores e defendeu a valorização da categoria. “É um trabalho nobre demais para ser remunerado com apenas R$ 4,8 mil, e tem gente que ainda acha caro”, concluiu.