O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou pesar pela morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi, confirmada nesta segunda-feira (20/5). A manifestação de Lula foi mais rápida do que qualquer comentário feito pelo mandatário sobre a tragédia que afeta o Rio Grande do Sul.
Equipes de resgate encontraram o helicóptero com o presidente do Irã na manhã de segunda-feira, horário local. A aeronave caiu no domingo (19/5), em uma região montanhosa de difícil acesso e forte neblina, quando a comitiva presidencial retornava de uma viagem ao Azerbaijão Oriental. Ebrahim Raisi não resistiu ao acidente.
Segundo a TV estatal iraniana, não há sobreviventes. Entre as vítimas estão também o chanceler Hossein Amirabdollahian, Malek Rahmati, governador da província do Azerbaijão Oriental, e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem. Em nota, o Itamaraty expressou “profunda consternação” pelas mortes das autoridades iranianas.
“O governo brasileiro estende aos familiares do Presidente Raisi, do Chanceler Abdollahian e das demais vítimas, e ao governo e povo iranianos os mais sinceros sentimentos de solidariedade e pesar pelas irreparáveis perdas”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Ebrahim Raisi, o 8º presidente do Irã, era reconhecido como um “paladino anticorrupção” e defensor das classes desfavorecidas. Nascido em 14 de dezembro de 1960 na cidade sagrada de Mashhad, uma das principais cidades religiosas do Irã, Raisi iniciou sua carreira política e judicial após a Revolução Islâmica de 1979.
Criado em uma família religiosa, Raisi começou cedo os estudos no seminário islâmico. Aos 15 anos, mudou-se para Qom, um importante centro de pesquisas teológicas no Irã, onde estudou sob a orientação de destacados clérigos, incluindo o aiatolá Ali Khamenei, que mais tarde se tornaria o líder supremo do Irã.
A carreira de Raisi no sistema Judiciário iraniano começou nos anos 1980. Ele ocupou vários cargos importantes, incluindo o de procurador-geral adjunto de Teerã e chefe da Organização Geral de Inspeção. Seu papel mais controverso foi como membro do “Comitê da Morte” em 1988, responsável por execuções em massa de prisioneiros políticos, amplamente condenadas por organizações de direitos humanos.
Nos anos seguintes, Raisi continuou a ascender no sistema judicial, tornando-se vice-chefe do Judiciário em 2004 e procurador-geral do país em 2014. Em 2016, foi nomeado guardião do santuário do Imam Reza, um dos mais ricos do país, ampliando sua base de apoio entre os religiosos e garantindo acesso a vastos recursos financeiros.
Raisi concorreu à presidência pela primeira vez em 2017, mas foi derrotado por Hassan Rouhani. Em 2021, com o apoio dos conservadores e em um cenário de baixa participação eleitoral, venceu as eleições presidenciais.