O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Gaeco, denunciou dez envolvidos em um esquema de corrupção instalado na Prefeitura de Água Clara entre 2022 e 2025, revelado na Operação Malebolge. A denúncia aponta a existência de uma organização criminosa que fraudava licitações, desviava recursos públicos e pagava propinas a servidores municipais, causando prejuízos superiores a R$ 22 milhões aos cofres públicos.
Segundo o MP, o empresário Mauro Mayer da Silva, dono da Zellitec e da Royal Soluções, era o articulador do esquema, contando com a ajuda de seu tio, Adão Celestino, apontado como o verdadeiro controlador das empresas, além de outros cúmplices e servidores públicos.
As fraudes envolviam direcionamento de licitações, falsificação de documentos e pagamento de propina a servidoras da Secretaria Municipal de Educação, como Ana Carla Benette, Kamilla Zaine, Jânia Alfaro Socorro e a própria secretária da pasta, Adriana Fini. Já a Secretária de Finanças, Denise Medis, é acusada de acelerar pagamentos ilegais e também foi flagrada com dinheiro vivo em seu gabinete.
A denúncia é desdobramento da Operação Turn Off (nov/2023), quando celulares e documentos de Mauro Mayer foram apreendidos, revelando dois esquemas criminosos com o mesmo modus operandi em Água Clara e Rochedo.
Durante a deflagração da Operação Malebolge, em fevereiro de 2025, foram apreendidos celulares e valores em espécie nas casas e locais de trabalho dos envolvidos. Destaque para os R$ 9 mil em dinheiro vivo na casa da servidora Ana Carla, valor incompatível com seu salário de R$ 4,5 mil.
O MP requer que os acusados sejam condenados por organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e uso de documento falso, além da reparação de R$ 22 milhões, sendo metade por danos materiais e metade por danos morais coletivos.