Corregedor-geral do Tribunal de Contas do Estado, o conselheiro Ronaldo Chadid disse ter o hábito de guardar dinheiro em casa e realizar compras em espécie, sem passar por agência bancária. Afastado do cargo e monitorado por tornozeleira eletrônica, o advogado disse à Polícia Federal que a estratégia foi adotada para não elevar o valor da pensão paga às ex-mulheres.
“Os argumentos apresentados pelo Conselheiro, no sentido de ter por hábito guardar dinheiro em casa e que os valores seriam economias acumuladas ao longo da vida, não são hábeis a comprovar a proveniência lícita do dinheiro apreendido”, frisou o ministro, ao analisar a conversa do conselheiro do TCE com o delegado Marcos Damato, da PF.
Um caso curioso é que a Faculdade Insted registrava o pagamento oficial de R$ 1,8 mil a R$ 2,5 mil por mês. O principal valor era pago por fora, em dinheiro vivo entregue em envelopes pela Fundação Manoel de Barros. A entidade e a faculdade são da família do ex-senador Pedro Chaves.
Após ter o dinheiro apreendido pela PF, o conselheiro procurou a faculdade e foi informado que eles poderiam declarar R$ 286 mil entregues como pagamento complementar de salário nos últimos três anos.
Mais um fato destacado pela PF é que o dinheiro encontrado na mala da chefe de gabinete estava em envelopes com nomes, como do presidente do TCE, conselheiro Iran Coelho das Neves, que também foi afastado na Operação Terceirização de Ouro. E mais um outro envelope que estava escrito “com urgência, 20, para Júlia”. Chadid explicou que levava serviço para casa e acabava reaproveitando os envelopes para colocar o dinheiro.
Mesmo com a justificativa de que fortuna foi acumulada ao longo de 27 anos, a polícia não encontrou notas antigas debaixo do colchão de Chadid. Ele disse que sempre atualizava o “estoque” para não ter problemas com notas antigas.