A professora trans, Emy Matheus dos Santos, pediu licença do cargo, segundo apurou o O Contribuinte. A Semed (Secretaria Municipal de Educação), confirmou o afastamento por “licença médica”. A redação pediu mais informações sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
O afastamento vem depois que Emy se envolveu em uma polêmica que teve repercussão nacional. Emy deu aula montado de “Barbie drag queen” para crianças de 7 anos da rede municipal de ensino, o que gerou indignação por parte de parlamentares do PL e influenciadores de direita. A nível local, Rafael Tavares, André Salineiro, João Henque Catan e Cassy Monteiro protocolaram ofícios pedindo esclarecimentos da Semed e do Conselho Tutelar e até afastamento da professora.
A repercussão foi tão grande que chegou até o conhecimento do deputado federal de MG, Nikolas Ferreira, expoente da direita, que publicou nos storys:
”Porque nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre para crianças?”, postou o deputado mineiro, sugerindo que as apresentações de travestis e transexuais sempre miram o público infantil.
Emy destacou que vem sofrendo uma onda de ódio na internet, gerada, sobretudo, após postagem do deputado federal de Minas Gerais:
“O post do Nikolas veio na quarta. Desde então, não parei de receber mensagens. Entre elas, ameaças. Pais e mães começaram a ir até a escola. Precisei me afastar por questões de segurança e integridade. Estou muito abalada, porque tudo isso é muito injusto. Meu trabalho, tudo o que venho construindo há um ano, tentando superar essas violências, está sendo destruído por uma onda de ódio”, disse Emy.
“Um dos primeiros vídeos que vi foi o do deputado João Catan, que já era, por si só, muito violento e agressivo. Depois, comecei a ver outros deputados e vereadores da extrema direita postando também, dizendo frases como: “eu irei fazer justiça, eu irei acompanhar”. Meu medo era perder meu trabalho por esse motivo, mesmo estando respaldada pela escola”, enfatizou.
A professora trans também disse estar afastada do colégio por razões de segurança.
“Estou afastada por segurança. Com as ameaças e o momento político delicado que vivemos, nunca se sabe. Pode aparecer um pai armado, um pai que “quer proteger sua filha” e tentar me agredir. Além disso, meu psicológico ficou muito abalado. Cheguei a ir um dia, mas ficava com medo de estar perto dos pais. Então, busquei acompanhamento profissional para lidar com isso” completou.