A tentativa do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de conduzir um grupo expressivo de deputados para o Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, não avançou como esperado. Parlamentares históricos do PSDB, assim como deputados eleitos em 2022, resistiram à mudança e decidiram permanecer em suas atuais siglas, outros esperam o desdobramento das federações construídas, deixando Azambuja praticamente isolado na articulação.
Até o momento, apenas dois deputados estaduais — Mara Caseiro, que pretende disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2026, e Zé Teixeira, um dos mais antigos aliados de Azambuja — sinalizaram disposição para acompanhá-lo no movimento ao PL. A resistência majoritária reflete não apenas a manutenção de vínculos partidários tradicionais, mas também um cálculo político diante do peso e do simbolismo da mudança para uma sigla associada diretamente ao bolsonarismo.
Além da baixa adesão na Assembleia Legislativa, a bancada federal do Estado também não deve seguir Azambuja na migração. Os deputados federais Dagoberto Nogueira, Geraldo Resende e Beto Pereira descartam, neste momento, a filiação ao PL. Eles aguardam um posicionamento mais claro do governador Eduardo Riedel, que ainda não definiu qual será sua estratégia partidária, ou apostam na costura de uma nova legenda que não esteja vinculada ao bolsonarismo.
Nos bastidores, pesa sobre a decisão desses parlamentares o temor da rejeição do eleitor bolsonarista. A derrota de Beto Pereira nas eleições de 2024, mesmo com o apoio oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro, acendeu o sinal de alerta entre lideranças que avaliam ser arriscado apostar todas as fichas em uma aliança com o PL. O episódio reforçou a percepção de que o apoio bolsonarista, embora relevante, não é garantia de vitória eleitoral no Estado, especialmente para políticos identificados historicamente com o PSDB.
A falta de coesão e a fragmentação do grupo político liderado por Azambuja reduzem significativamente sua capacidade de articulação e influência. Nos bastidores , articuladores históricos do PSDB avaliam que o ex-governador enfrenta um cenário adverso, onde antigos aliados preferem cautela e independência, aguardando o desdobramento das articulações estaduais e nacionais, especialmente com foco nas eleições de 2026.
O enfraquecimento da base que Azambuja pretendia levar ao PL amplia as incertezas sobre sua relevância no novo partido, que já conta com lideranças locais alinhadas diretamente com Bolsonaro. A rejeição também reforça o desafio de reposicionamento político enfrentado pelo ex-governador, num ambiente cada vez mais fragmentado e competitivo.