A Santa Casa de Campo Grande voltou a ser alvo de questionamentos públicos após ignorar um requerimento oficial enviado pela Câmara Municipal. A omissão da instituição hospitalar em prestar contas pode desencadear a abertura de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), conforme revelou o vereador Rafael Tavares (PL).
O documento foi protocolado há mais de 30 dias e, segundo o parlamentar, exigia explicações detalhadas sobre a administração dos recursos públicos recebidos pela Santa Casa, além de informações sobre contratos, prestação de serviços e repasses financeiros. Apesar do prazo legal para resposta, a instituição permaneceu em silêncio.
“Não podemos admitir que uma entidade financiada com dinheiro do contribuinte simplesmente se recuse a prestar esclarecimentos. Essa postura levanta ainda mais suspeitas sobre o que está acontecendo nos bastidores da Santa Casa”, afirmou Rafael Tavares em entrevista.
Reincidência e resistência
Essa não é a primeira vez que a gestão da Santa Casa é contestada. O hospital, que é a principal unidade filantrópica da capital, já enfrentou outras CPIs no passado, sempre cercadas por denúncias de má administração e uso questionável de verbas públicas. O novo episódio reacende suspeitas de irregularidades e falta de transparência institucional.
Fontes ligadas à Câmara indicam que o silêncio da Santa Casa pode não ser apenas descaso, mas uma estratégia deliberada para evitar a exposição de contratos e gastos que podem não resistir ao escrutínio público. Rafael Tavares reforça que, caso a omissão persista, irá mobilizar apoio para instaurar uma nova comissão investigativa.
“Já estou em contato com colegas da Casa e, se necessário, vamos levar essa CPI adiante. A população merece respostas claras sobre como os recursos da saúde estão sendo utilizados”, declarou.
Cultura do silêncio e dinheiro público
A Santa Casa recebe recursos significativos do poder público municipal e estadual, o que, segundo especialistas em gestão pública, obriga a instituição a prestar contas com rigor. A ausência de resposta a um requerimento formal pode configurar não apenas descumprimento legal, mas também indício de má-fé administrativa.
Enquanto isso, pacientes continuam enfrentando longas filas e dificuldades de atendimento. Para Rafael Tavares, há uma disparidade entre o que é investido e o que é efetivamente entregue à população. “O buraco pode ser mais embaixo. E é exatamente por isso que precisamos investigar”, conclui.