Servidores nomeados por indicação política teriam se juntado a despachantes e montado verdadeira quadrilha para lucrar com um grande esquema de fraude no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul). Eles inseriam dados falsos no sistema de registro de veículos.
Apesar de todos os implicados nas investigações terem vínculos públicos com políticos, até o momento as investigações sequer teriam esbarrado em nenhum dos ‘padrinhos’ que colocaram os membros da quadrilha no órgão público sul-mato-grossense. Ainda há procedimentos que correm em sigilo.
No entanto, apadrinhados teriam conseguido ‘driblar até mandados de prisão que sequer chegaram a ser cumpridos.
Em alguns casos, a suposta ‘blindagem’ do apadrinhamento político teria extrapolado a indicação para cargos no Detran-MS.
Um dos ‘serviços’ que a quadrilha oferecia era a inclusão do 4º eixo em automóveis de carga como carretas, sem que o veículo sequer passasse por Mato Grosso do Sul. Desta forma, passava a contar apenas na documentação a alteração nos caminhões.
Em troca da ‘economia’, os donos dos veículos pagavam propina que era distribuída entre os servidores e despachantes da quadrilha.
Além de Joaci Nonato Rezende, ex-prefeito de Rio Negro, foram citados neste caso um servidor e também o ex-gerente do Detran-MS em Ponta Porã, Renato de Oliveira Saad, alvo da mais recente operação, a Operação 4º Eixo.
Renato Saad aparece pela última vez na lista de salários de dezembro de 2022, quando, segundo dados oficiais do Governo do Estado, recebeu R$ 6.903,30 de remuneração líquida no cargo de Direção Executiva e Assessoramento, também como ‘servidor comissionado no regime geral’.
Apesar de lotados em cidades diferentes, os ex-servidores se valiam de suas funções para cometerem as fraudes no Departamento de Trânsito de MS, aponta trecho do inquérito.
O inquérito aponta para ao menos 10 veículos com fraudes nos registros, relacionados com inclusão de 4º eixo. Só nestes documentos, aparecem servidores de três cidades.
São eles Joaci, de Rio Negro, Renato, que atuava em Ponta Porã, e Agner Fabre, de Miranda. Chamado em 2022 para prestar esclarecimentos na delegacia, ainda em fases de investigação, Joaci permaneceu em silêncio sobre as acusações.
Em fevereiro deste ano, outra investigação também teria relacionado fraudes, com alteração de características de um veículo, por servidor de Sidrolândia. Outras ligações entre Joaci apontam também para o ex-gerente do Detran-MS em Juti, Adriano Passarelli.
Em decisão mais recente, conforme apontado pela defesa, feita pelo advogado Douglas Figueiredo, Adriano não chegou a ser denunciado. Além disso, o mandado de prisão foi revogado pelo Judiciário, “por não preencher os requisitos para a preventiva”.
Após as investigações e operações, os servidores foram exonerados ou tiveram as atividades suspensas do Detran-MS.