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Servidores da Educação de MS recebiam 5% de propina para fraudar licitações milionárias, aponta PF

Uma investigação da Polícia Federal revelou um sofisticado esquema de corrupção dentro da Secretaria de Estado de Educação (SED) de Mato Grosso do Sul, envolvendo fraudes em processos licitatórios e o pagamento sistemático de propinas. Segundo as apurações, empresários pagavam 5% do valor dos contratos milionários aos ex-servidores públicos, em troca de favorecimento em licitações e contratos.

De acordo com os investigadores, o esquema operava a partir da inserção de cotações falsas de preços nos processos de compra. Isso criava uma aparência de legalidade e permitia a contratação direta de empresas previamente escolhidas, sempre com o compromisso de que 5% do valor contratado seria devolvido aos servidores como propina.

As contratações fraudulentas ocorriam por meio de um mecanismo conhecido como “carona”, em que a SED utilizava atas de registro de preços de outros órgãos públicos para evitar a realização de novas licitações. Dessa forma, o grupo conseguia fechar contratos rapidamente, driblando os mecanismos normais de fiscalização e concorrência.

Grande parte dos recursos envolvidos vinha do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o que agrava ainda mais a gravidade dos crimes, já que os desvios impactavam diretamente verbas destinadas à educação pública.

A operação, batizada de Vox Vertratis, identificou contratos fraudulentos que somam mais de R$ 20 milhões. A investigação ainda está em andamento, mas já apontou a participação de diversos ex-servidores da SED e empresários beneficiados pelo esquema.

As autoridades seguem trabalhando para identificar todos os envolvidos e buscar a reparação dos danos causados aos cofres públicos. O caso ocorreu durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que não é, até o momento, investigado nesta operação específica.

Ex-secretário de Reinaldo Azambuja é alvo da Operação

O ex-secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED-MS), Édio Antônio Resende de Castro, figura entre os principais alvos da Operação Vox Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 21. A ação investiga fraudes milionárias em contratos públicos firmados durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

A operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão em Campo Grande e um no Rio de Janeiro, incluindo endereços ligados a Édio Castro. Durante as diligências, a PF apreendeu R$ 363 mil em espécie dentro de um cofre em um apartamento de luxo vazio na capital sul-mato-grossense.

Édio Castro já havia sido preso em 2023 durante a Operação Turn Off, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção). Na ocasião, ele foi acusado de envolvimento em um esquema que desviou aproximadamente R$ 13 milhões por meio de contratos fraudulentos na SED-MS, incluindo o superfaturamento na compra de aparelhos de ar-condicionado. 

As investigações apontam que o grupo criminoso, do qual Édio faria parte, fraudava licitações públicas para aquisição de equipamentos e serviços, com pagamento de propina a diversos agentes públicos. Os contratos sob suspeita ultrapassam R$ 68 milhões. 

A Operação Vox Veritatis é um desdobramento das investigações anteriores e visa apurar crimes como peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações e contratos públicos. O nome da operação, que significa “voz da verdade” em latim, reflete o objetivo de esclarecer os ilícitos cometidos na administração pública estadual. 

As investigações continuam, e os responsáveis poderão responder pelos crimes identificados, conforme o andamento do processo judicial.

Nota

O Governo do Estado divulgou uma nota afirmando que a Secretaria de Educação e servidores da ativa não foram alvos da Operação Vox Veritatis, realizada nesta quarta-feira.

“O governo estadual acompanha a operação Vox Veritatis e colabora com a apuração. Até o momento, nem a SED (Secretaria de Educação), tampouco servidores ativos, foram alvos das buscas. As providências legais cabíveis serão tomadas tão logo tenhamos acesso e/ou haja andamento no processo. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e lisura na gestão pública, e reforçamos os instrumentos de controle e combate às ilicitudes”.