A “queda livre” da credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) foi tema do mais recente editorial do jornal O Estado de S. Paulo. Publicado nesta quinta-feira (2), o texto critica a postura da Corte, que, enquanto afirma estar “salvando a democracia” e “civilizando o país”, estaria, na prática, agindo como um “poder imperial” e ignorando críticas sobre seu “corporativismo, ativismo e partidarismo”.
O editorial cita uma pesquisa do PoderData que revelou um aumento significativo na insatisfação com o STF. Nos últimos dois anos, o índice de brasileiros que classificam o trabalho da Corte como “ruim” ou “péssimo” subiu de 31% para 43%, enquanto aqueles que o consideram “ótimo” ou “bom” caíram de 31% para 12%. Embora a pesquisa não tenha detalhado as razões para esse cenário, o jornal apresentou algumas hipóteses.
Uma das explicações apontadas é o custo elevado do Judiciário brasileiro, considerado o mais caro do mundo. Segundo o Estadão, isso gera a percepção de que as cortes possuem um caráter “aristocrático”.
– Os juízes, que deveriam garantir que a lei seja igual para todos, são especialistas em pervertê-la a seu favor. Com o teto constitucional de remuneração depredado sob a complacência da Corte constitucional, o céu é o limite para a concentração de benefícios inimagináveis para o resto do funcionalismo e, ainda mais, para os cidadãos comuns, que financiam esse Judiciário caro e distante – destacou o texto.
Apesar disso, o editorial reconhece que a insatisfação com o STF não é recente, mas um problema que se arrasta há décadas. Ainda assim, o jornal argumenta que fatores mais recentes intensificaram o descrédito. O descontentamento com o STF supera até mesmo o da magistratura como um todo, e o periódico sugere outras hipóteses para explicar essa deterioração.
Por fim, o Estadão atribuiu a queda de popularidade do STF a um perfil “patrimonialista, paternalista, corporativista, protagonista, autoritário e partidário”. O editorial conclui aconselhando os ministros a “curarem a si mesmos”, alertando que, caso o tribunal continue “semeando vento”, poderá acabar “colhendo tempestade”.