A Operação Turn Off, deflagrada na última quarta-feira (29), desvendou um esquema de corrupção e fraudes em licitações envolvendo empresas de produtos médicos e a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os irmãos Lucas Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho são apontados como líderes da organização criminosa.
Segundo apurado pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), os irmãos teriam cooptado servidores, incluindo o então coordenador técnico do Centro Especializado em Reabilitação e Oficina Ortopédica da Apae, Paulo Henrique Muleta Andrade. Conforme mensagens interceptadas, Paulo teria recebido 4% das vendas efetuadas pelas empresas envolvidas no esquema para a Apae, totalizando propinas ao longo de pelo menos três anos, entre 2019 e 2022.
Em uma das conversas gravadas, empresários sugerem a compra de produtos parados nas vendas, indicando possível manipulação nos negócios. As empresas implicadas na investigação são a Isomed Diagnósticos Ltda e Comercial Isototal Eireli. Atualmente, a Isomed mantém contrato ativo com o Governo do Estado, firmado em 2022 e renovado em 2023, totalizando R$ 12.164.640,00.
A Isototal, por sua vez, possui contratos ativos, sendo o maior com a Secretaria Estadual de Educação, ultrapassando R$ 13 milhões, também sob investigação. Lucas e Sérgio, apontados como líderes da organização criminosa, foram alvos de 8 mandados de prisão preventiva, sendo 7 cumpridos pela manhã e o último, de Lucas Coutinho, na tarde do mesmo dia. Outras prisões incluem o primo Victor Leite de Andrade, o secretário-adjunto de Educação, Édio Antônio Rezende de Castro Bloch, Simone de Oliveira Ramires Castro (SAD-MS), Thiago Haruo Mishima, Andrea Cristina Souza Lima, e Paulo Henrique Muleta Andrade (Apae).
O advogado de Sérgio Coutinho, Marcos Barbosa, afirmou não ter acesso ao teor das investigações, enquanto o advogado de Simone, Alexandre Franzoloso, também desconhecia os motivos da prisão. A operação, que envolveu 35 mandados de busca e apreensão, abrangeu cidades como Campo Grande, Maracaju, Itaporã, Rochedo e Corguinho. O grupo criminoso, segundo a investigação, fraudava licitações para compra de aparelhos de ar-condicionado, locação de equipamentos médicos e elaboração de laudos, totalizando contratos públicos que ultrapassam os R$ 68 milhões.